“É difícil você olhar para o bicho e ver o resultado de um trabalho seu o ano inteiro indo embora não pelo ralo, mas pelo mato. É bem complicado ver uma cena dessa”, disse o produtor rural Anésio Pinto da Silva.

O produtor conta que os ataques são de duas onças que têm rondado a zona rural de Piranguçu, onde ele mora com a família.

“Segunda-feira levantei de manhã quando o cachorro deu um sinal e vim saber o que estava aconteceu. Do lado onde eu moro tem um burrinho e ele estava nervoso demais. Fui acompanhando os movimentos todos e vi ela pulando a cerca, descendo para o meio do mato”, disse.

Para tentar conter os ataques, o produtor rural colocou placas do lado de fora do estábulo. Mesmo assim, as onças conseguiram entrar durante duas noites seguidas.

Na propriedade do Anésio, ele cuidava de 100 ovelhas, um número que caiu para 70. Os animais são criados para corte. O quilo é negociado entre R$ 35 e R$ 40.

Depois dos ataques das onças, a preocupação se voltou também para as finanças. Os prejuízos calculados desde o último sábado somam uma quantia de mais de R$ 15 mil.

“Você luta o ano inteiro para ver se consegue produzir uma coisa para sobreviver, porque não tenho outra profissão. Não tem o que fazer, há o investimento, há o gasto. É difícil.

Essa não é a primeira vez que a região sofre com ataques de onças. Em setembro, funcionários de um produtor da mesma região registraram imagens dos animais mortos em outra propriedade. Agora a situação se repete.

“A partir de agosto já aconteceu em uma propriedade perto da divisa, depois na região da Vila Maria. Faz uns 15 dias ela atacou também ao lado da mineração, matando 12 ou 13 do rapaz. Ela está atacando bastante na região”, comentou o funcionário público João Roberto Lopes.

Assustados, moradores da região já acionaram diversos órgãos, como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, mas a resposta é sempre a mesma.

“Se ela estiver machucada eles até podem vir buscar, mas não pretendemos isso. Vamos tentar de uma forma mais humana. Não adianta fazer justiça com as próprias mãos, temos que encontrar os meios para não prejudicar mais ainda. Somos [produtores] pequenos e um prejuízo disso quebra as pernas”, disse o funcionário público.

A Polícia Militar do Meio Ambiente em Itajubá disse que não recebeu solicitação de atendimento de ataques de onça na região de Piranguçu. Também informou que o trabalho da polícia nesse caso seria o de dar apoio a outro órgão como o Ibama em uma operação de captura.

g1 Sul de Minas