O objetivo do projeto para 2020 era a produção de uma feira de ciências junto às crianças, porém a suspensão das aulas por conta da pandemia de coronavírus inviabilizou a proposta. Com isso surgiu a ideia de continuar o projeto, mas de uma forma diferente.

“Veio a situação da pandemia e as escolas suspenderam as aulas. Assim eu percebi que meus alunos de escola privada continuaram tendo aulas, enquanto os pequenos que ajudamos estavam sem aula. Então sugeri para meus alunos que gravássemos aulas online para ajudar”, disse Antonio Marcio.

Ao todo, 55 alunos voluntários de 14 a 16 anos gravam vídeos produzidos por eles mesmos, para ensinar a aproximadamente 130 alunos do 5º ano da rede pública. Dois vídeos, um de matemática e outro de ciências, são postados todos os dias no Facebook e no YouTube.

“Separamos por temas do ensino do 5º ano e os alunos começaram a produzir as aulas, com atividades práticas e perguntas. Temos programação até o final de maio, mas podemos expandir. Se o isolamento continuar, em junho começaremos a fazer vídeos de outras matérias”, explicou o professor Antonio Marcio.

O projeto incentiva as crianças a estudarem em casa e se interessarem por assuntos científicos, e os alunos voluntários também encontraram uma forma diferente de aprender – ensinando. A proposta tem sido muito bem aceita pelos alunos, e até pelos professores, como contou Raquel Maria da Silva, coordenadora pedagógica de uma das escolas acolhidas.

“Os alunos estão muito animados e interessados. Se atrasamos a postagem já recebo mensagens perguntando: ‘tia hoje não tem aula?’. E os professores estão todos encantados com a qualidade das aulas dos adolescentes, a linguagem mais próxima acaba descomplicando o que parecia ser complicado”.

Além da importância pedagógica, a iniciativa também atinge o âmbito social.

“É gratificante poder fazer parte deste projeto, acredito na educação como forma de transformar vidas e pessoas para que estas transformem o mundo. E o ConheCiência é um pequeno passo à frente na luta contra a desigualdade que ainda assola nosso país, e a nossa expectativa é que o projeto cresça”, disse Helena Faria Braga, de 14 anos, aluna voluntária do 1º ano do Ensino Médio.