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Universidade de Três Corações, alvo de operação da PF, coleciona dívidas trabalhistas na Justiça

pfvarginha

A Universidade Vale do Rio Verde (Unincor), de Três Corações (MG), alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga crimes de desvio e lavagem de dinheiro, coleciona dívidas trabalhistas na Justiça. São dezenas de ex-funcionários que, até hoje, lutam para receber o que lhes é de direito.

Uma das ex-funcionárias é a assistente de serviços gerais Renata Cardoso de Souza, que trabalhou na instituição entre 2016 e 2021. Quando ela foi sacar o fundo de garantia, descobriu que a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), mantenedora da Unincor, depositou menos de 20% do valor que deveria.

“Depositaram 1 ano e uns 2 meses certo desses seis anos que eu fiquei, depois não depositaram mais nada. Eu me sinto bem lesada, porque a gente sair sem um amparo, sem nada”, disse a ex-funcionária.

Já um outro funcionário que não quis ser identificado diz que foi demitido no ano passado e nao consegue receber o que tem direito.

“Não consigo receber, não recebi FGTS, fundo de garantia, verbas rescisórias e eu tô precisando muito receber, eu tô precisando muito do dinheiro, tá fazendo falta pra mim, é um dinheiro de uma vida”, disse o ex-funcionário.

Um outro professor também não recebeu os direitos por tempo de trabalho. Ele ainda diz que a fundação tem provocado problemas para os profissionais com a Receita Federal.

“Quando formos declarar o imposto de renda, se declararmos não termos recebido, iremos cair na malha fina, já que a instituição avisa ter pago. Agora, para não cairmos na malha fina, teoricamente deveríamos fazer o que: declarar ter recebido um valor que não foi pago”, disse.

Segundo a Polícia Federal, o valor total da dívida chega a R$ 92 milhões, entre dívidas trabalhistas e tributárias. Já o valor que teria sido desviado, que está sendo apurado, chegaria a R$ 50 milhões, que impossibilita a Unincor de colocar em dia a sua vida financeira. Os problemas já se arrastam por quase duas décadas.

Em 2007, o médico Tufi Neder Meyer foi interventor da fundação que mantém a Unincor. Ao chegar, encontrou um cenário complicado. “Questões de firmas fantasmas trabalhando, pagamentos indevidos a quem não tinha direito de receber, alguns atrasos de pagamento de fornecedores também e coisas desse tipo”, disse.

O próprio Tufi trabalhou na universidade por quase 40 anos e no final dessa trajetória também ficou sem receber. “Fui demitido em 2019 e nunca me pagaram nenhum tostão dos direitos trabalhistas”, disse o médico.

Em 2009, a Unincor voltou a ter uma interventora, dessa vez uma empresa do Rio de Janeiro. Na época, a dívida da fundação era de R$ 20 milhões. Em 2012, a universidade teve as contas bloqueadas por uma decisão da Justiça.

Ex-funcionários tentam receber direitos trabalhistas da Unincor na Justiça — Foto: Reprodução EPTV

Ex-funcionários tentam receber direitos trabalhistas da Unincor na Justiça — Foto: Reprodução EPTV

“Passou a ser muito recorrente os atrasos, o não recolhimento de FGTS, e surgiram inúmeros CNPJs. Então estava muito na cara que eles estavam fazendo jogadas contábeis para não pagar o que devem aos professores”, disse o diretor de comunicação do Sinprominas, Aerton Silva.

O diretor de comunicação do Sinprominas disse ainda que todas as duas últimas tentativas de greve na Unincor foram frustradas por esforços de gestores.

“A instituição coloca inúmeros coordenadores nas nossas assembleias, nas nossas reuniões, para pressionar os professores, para vigiar quem está votando contra a instituição, apesar da instituição estar completamente errada, ela não cumpre com os direitos básicos dos trabalhadores que é receber o seu salário, ter o seu fundo de garantia, que é receber seu 13º, suas férias”, disse.

Afastamento de secretária de Educação

A Secretária de Educação de Varginha (MG), Gleicione Aparecida Dias, foi afastada das funções por tempo indeterminado nesta quinta-feira (10). Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa da prefeitura, a decisão foi tomada a pedido da secretária.

Gleicione Aparecida Dias é suspeita de fazer parte do esquema de desvio de dinheiro da Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), mantenedora da Unincor, de Três Corações. O suposto esquema está sendo investigado pela Polícia Federal na “Operação J´Adoube”, deflagrada nesta semana.

A nota reforça que as investigações não envolvem a Prefeitura de Varginha. A professora Juliana de Paula Mendona vai assumir o cargo de secretária de educação de forma interina.

Secretária de Educação é afastada após operação da PF em Três Corações — Foto: Reprodução EPTV

Secretária de Educação é afastada após operação da PF em Três Corações — Foto: Reprodução EPTV

Pedido de afastamento de diretoria

A Polícia Federal pediu ao Ministério Público o afastamento de pessoas que fazem parte da diretoria da Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), mantenedora da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor). As instituições são alvo da “Operação J´Adoube”, da PF, contra os crimes de desvio e lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações da PF, pequena parte do dinheiro obtido através das mensalidades dos estudantes iam para a universidade. A maior parte ia para empresas de cobranças, que repassavam os valores para uma outra “empresa mãe”, a FisMinas, que funcionava dentro do gabinete da Unincor em Belo Horizonte.

Polícia Federal pede afastamento de diretores de fundação alvo de operação em Três Corações — Foto: Divulgação: Unincor

Polícia Federal pede afastamento de diretores de fundação alvo de operação em Três Corações — Foto: Divulgação: Unincor

Da FisMinas, conforme a polícia, o dinheiro seguia para outras empresas ligadas a diretores da fundação que mantém a Unincor e também de outras pessoas que estão sendo investigadas na operação.

“Eram utilizadas diversas empresas de cobrança, justamente para não chamar a atenção dos órgãos de fiscalização. Detectamos três empresas no curso de investigação, ao final uma quarta foi apontada e agora ante o cumprimento das ordens judiciais, há indicativo de uma quinta empresa de cobrança, separando esses valores. Esse dinheiro arrecadado, pouca parte ia para a Unincor e seguia um fluxo contínuo, entre empresas vinculadas aos investigados, a FisMinas que era a empresa mãe, que controlava efetivamente o branqueamento de valores e contas pessoais de pessoas vinculadas à atividade ilícita”, disse o delegado João Carlos Girotto.

A operação

A Polícia Federal deflagrou na manhã de terça-feira (8) uma operação contra os crimes de desvio e lavagem de dinheiro em uma instituição de ensino superior e sua mantenedora. Segundo a PF, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Varginha, Três Corações, Conceição do Rio Verde, Contagem, Nova Lima e Belo Horizonte, além de outras ordens judiciais de apreensão em desfavor de pessoas físicas e jurídicas.

Os investigados da ação da PF são a Universidade Vale do Rio Verde (Unincor) e a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE). A operação foi nomeada de “J’Adoube”. O nome faz referência a um termo utilizado no jogo do xadrez que significa “eu arrumo”, para indicar que os investigados criavam empresas para desvio de valores e consequente lavagem de ativos.

Segundo a PF, durante as investigações foi apurado que a fundação tinha grande volume de débitos tributários e previdenciários com a União já vencidos. O valor era de cerca de R$ 92 milhões. Além disso, havia também dívidas trabalhistas de processos judiciais com trânsito em julgado, que não foram pagos.

Ainda de acordo com a PF, os dirigentes da FCTE e titulares de empresas criadas para atividades ilícitas teriam desviado valores das mensalidades dos cursos oferecidos, ao longo de mais de três anos. Estes valores deveriam ser incluídos nas contas da FCTE para o pagamento de encargos correntes e dívidas.

Sede da Polícia Federal, em Varginha — Foto: Reprodução EPTV

Sede da Polícia Federal, em Varginha — Foto: Reprodução EPTV

Os valores desviados eram referentes às mensalidades de alunos dos cursos de graduação e especialização da universidade oferecidos em diversos campi de Minas Gerais. A PF representou por 28 ordens judiciais, sendo 16 mandados de busca e apreensão nas cidades mineiras de Varginha (2), Três Corações (3), Conceição do Rio Verde (1), Contagem (2), Nova Lima (2) e Belo Horizonte (6), além outras ordens judiciais de apreensão específicas em desfavor de pessoas físicas e jurídicas.

“O objetivo do grupo criminoso tinha duas frentes. O primeiro de evitar o bloqueio de valores por parte da união sob a alegação de que empresas de cobrança captariam as mensalidades e depois repassariam para a fundação. E o segundo objetivo, a utilização de empresas para atividade fim de receber esses valores ilícitos desviados”, explicou o delegado da Polícia Federal, João Carlos Girotto.

Os investigados poderão responder por crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa, cujas penas, somadas, podem chegar a 22 anos de reclusão, se condenados.

O que diz a instituição

Em nota de esclarecimento divulgada à imprensa, a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação – FCTE, mantenedora da Unincor, informa que tem acompanhado de forma exaustiva todas as informações divulgadas pela Polícia Federal e pela mídia, no que diz respeito às investigações envolvendo os diretores da IES.

A instituição diz ainda que o departamento jurídico da fundação está atento às investigações e após análise minuciosa, a FCTE irá se pronunciar.

A nota afirma ainda que a atual gestão assumiu a instituição em 2013, quando ela passava por uma crise financeira e que, desde então, ela se reestruturou, colocando salários em dia e investimentos em corpo docente e novas estruturas.

A fundação também informou em nota enviada à EPTV, que possui um procedimento de pagamento de credores junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na vara de Execuções e Precatórios de Belo Horizonte. Até o momento, conforme a instituição, já foram pagos mais de R$ 20 milhões.

g1 Sul de Minas

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