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‘Que eu me lembre, foi a geada mais forte’, diz cafeicultor que teve lavoura atingida

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Segundo a Emater- MG, as lavouras do Sul de Minas foram as mais afetadas pelas geadas que ocorreram no estado durante o mês de julho.

As fortes geadas que ocorreram no mês de julho atingiram em cheio as lavouras de café do Sul de Minas. Ainda não se tem a total dimensão do impacto causado nas propriedades, mas, segundo um levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a área total afetada pelas geadas é de aproximadamente 173,6 mil hectares, o que corresponde a 19,1% da área ocupada por cafeicultura na região abrangida pela pesquisa. A estimativa é que cerca de 9,5 mil cafeicultores tenham sido atingidos.

O produtor Fernando Caixeta é um desses cafeicultores. Ele possui 42 hectares distribuídos em duas propriedades distintas, ambas em Machado (MG). Segundo ele, cerca de 30% da sua lavoura foi queimada pela geada, mas a parte mais atingida, foi a da produção.

“Para o ano que vem seria a parte que estaria mais produzindo café, foi a parte mais atingida, corresponderia no ano que vem a mais de 50% da minha safra, de perspectiva de safra. Como área a geada atingiu 30% e na produção ela atingiu mais de 50%, eu creio, até agora, porque ainda tem a seca que já sofremos e pode vir ainda outra seca pela frente”, contou.

A geada  do mês de julho é considerada a mais forte dos últimos anos — Foto: Aparecido Venâncio Martins

A geada do mês de julho é considerada a mais forte dos últimos anos — Foto: Aparecido Venâncio Martins

Na cafeicultura desde 1988, esta foi, segundo o produtor, a geada mais forte dos últimos tempos.

“Desde 88, que eu me lembre, foi a mais forte. A gente teve uma muito forte em 94, eu lembro porque eu estava no início da minha carreira de cafeicultor, mas essa de agora, sem dúvida, foi a mais forte que atingiu a nossa região, pelo menos que eu saiba. E ela vem acumulada de uma seca, então é uma coisa somando à outra, né? Prejudicando ainda mais as lavouras e não só as lavouras de café”, lamentou.

Segundo a Emater, 77,8% das propriedades afetadas estão no sul de Minas e cerca de 21% estão no Triangulo Mineiro e Alto do Paranaíba. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater, Aparecido Venâncio Martins, praticamente todos os 155 municípios que compõem o sul de Minas, foram, de alguma maneira, afetados pela geada.

“O percentual de áreas danificadas pela geada entre os municípios do Sul de Minas variou de 2% a 30%, com grau de severidade entre leve, moderada e severa. Em Poços de Caldas, por exemplo, foram atingidas 60 propriedades, entre 420 a 455 hectares, com graus de severidade que variaram entre alta, moderada e leve”, comentou o engenheiro agrônomo.

Ainda de acordo com o técnico, dos produtores que tiveram suas lavouras afetadas pela geada, cerca de 50% tem financiamento de custeio com agente financeiro. “Muitos precisaram prorrogar o pagamento deste crédito,” disse.

Relatório da Emater - MG aponta que a área total afetada seja em torno de 173 mil hectares — Foto: Fernando Moraes Ferreira

Relatório da Emater – MG aponta que a área total afetada seja em torno de 173 mil hectares — Foto: Fernando Moraes Ferreira

Logo após a ocorrência das geadas, uma força tarefa foi criada pela Emater-MG, que reuniu os técnicos regionais, equipes do Programa Certifica Minas Café e coordenadores regionais, para atender a alta demanda de emissão de laudos técnicos para registro dos impactos causados nas propriedades rurais do estado e assim, auxiliar os produtores no enfrentamento dos danos sofridos nas lavouras.

“É uma demanda alta que vem dos municípios e dos produtores rurais e para atendê-los nós dedicamos a equipe do Certifica Minas Café e os coordenadores regionais da Emater, para que apoiem nossos técnicos locais para darmos conta dessa alta demanda. Esses laudos são de extrema importância para que produtores rurais acessem novas linhas de crédito ou até mesmo renegociem as linhas de crédito vigente, ou acessem o seguro das operações que porventura tenham”, explicou Otávio Maia, diretor-presidente da Emater- MG.

Ainda segundo o presidente da Emater-MG, a emissão dos laudos para os agricultores familiares atingidos pela geada é isenta de cobrança até o dia 30 de setembro.

“Em apoio a esse estado de calamidade que se instaurou no Sul de Minas e região, junto aos produtores rurais afetados, nós estamos abrindo mão dessa cobrança,” informou.

Safras

Segundo o engenheiro da Emater, a safra atual 2020/2021 não sofreu interferência da geada no que diz respeito à quantidade e prejuízo, já que, segundo ele, a produção já estava granada e com boa parte da colheita assegurada, tendo sido atingidas somente as áreas nas glebas onde o café ainda não havia sido colhido. Mas, ele explica que as próximas safras serão sim afetadas.

“A produção das próximas safras 2021/2022, 2022/2023 e 2023/2024 serão afetadas, pois haverá uma diminuição de áreas com plantas em potencial de produção para a próxima safra, além de renovação e replantio das áreas afetadas pela geada. Além disso, a próxima safra também será menor em função do período de seca que estamos passando” afirmou.

Segundo Emater-MG, próximas safras deverão ser afetadas por causa da geada — Foto: Aparecido Venâncio Martins

Segundo Emater-MG, próximas safras deverão ser afetadas por causa da geada — Foto: Aparecido Venâncio Martins

Aparecido explica ainda que as geadas influenciam também no preço do café, já que este está diretamente ligado à demanda e oferta. “Estamos em um período de estiagem prolongada causando um déficit hídrico. Além disso, com o frio intenso e as geadas haverá uma redução na oferta do café no mercado nos próximos anos, favorecendo uma elevação nos preços bastante significativa, como o momento que estamos presenciando”, alertou.

Cooperativas

As Cooperativas de Café do Sul de Minas também têm se dedicado ao monitoramento das lavouras, a fim de dimensionar o impacto causado e orientar os produtores na tomada de decisão. É o caso da Cooperativa Agrária de Machado (Coopama).

Segundo o coordenador técnico, Fernando Moraes Ferreira, o momento agora é de auxiliar os cooperados que tiveram suas lavouras atingidas pela geada. Na Coopama, são 3.250 cooperados e destes, 80% possuem lavouras de café.

“Na área cafeeira estimamos que foi atingida em torno de 20% da área de atuação da Coopama. Algumas outras culturas foram atingidas, mas o maior impacto foi no café. Os municípios de Alfenas, Machado, Paraguaçu, Serrania, Carvalhópolis, Turvolândia, Botelhos, Campestre, Elói Mendes, Ouro Fino, são alguns dos municípios que tiveram áreas afetadas,” disse.

Lavouras de café foram fortemente atingidas pela geada no Sul de Minas — Foto: Fernando Caixeta

Lavouras de café foram fortemente atingidas pela geada no Sul de Minas — Foto: Fernando Caixeta

Segundo o coordenador, ainda é difícil mensurar os prejuízos, já que fatores naturais como chuva e floração influenciam. Segundo ele, a previsão é que no final de 2021 seja possível ter uma visão mais concreta sobre as condições das áreas afetadas.

“Hoje, devido às altas dos preços, tanto de insumos, quanto das commodities, fica difícil ter uma estimativa em reais. Porém, algumas lavouras apresentam situação de perda total, outras foram afetadas somente de capote, algumas foram pouco afetadas. Como ainda não entramos na época de floração, fica ainda mais complicado a estimativa, lembrando que também há o agravante da seca”, apontou.

“Nesse primeiro momento a gente está fazendo um levantamento de todos os laudos das lavouras, com foco nas mais atingidas, esse levantamento é feito junto com a Emater. Mesmo as lavouras que não foram atingidas pela geada, elas sofreram com o frio, então a gente tem que ter precaução para dar as recomendações adequadas. Temos que aguardar o início das chuvas para ver como que a lavoura vai se demonstrar, se ela está viva, se vai fazer uma poda, que tipo de poda será feita. Então, a gente está aguardando as chuvas chegarem para tomar as decisões mais acertadas,” destacou o produtor Fernando Caixeta, que é também diretor administrativo da Coopama.

Para o diretor administrativo, o momento é de união. “Mais do que nunca nós temos que ser cooperativa, porque a cooperativa é do produtor. Nós estamos em conversa com outras cooperativas para a gente tentar alguma solução, vislumbrar uma solução para 2022, que eu creio que é quando o problema vai ser mais sério” comentou.

Cartilha

A Emater-MG elaborou uma cartilha para orientar os produtores rurais afetados pela geada. Uma das principais recomendações neste momento de emergência é se informar se a área atingida está coberta por seguro agrícola e não realizar nenhuma intervenção na lavoura antes da perícia técnica profissional avaliar os danos.

Segundo o material, a intensidade do dano causado pela geada é que vai determinar o manejo, por isso, eles alertam para a necessidade de uma avaliação criteriosa para evitar mais danos e gastos desnecessários.

A cartilha pode ser acessada através do link: https://www.emater.mg.gov.br/download.do?id=69521

Fonte: G1 Sul de Minas

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