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Os atos desta terça-feira (7) convocados por Jair Bolsonaro acontecem em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de uma acentuada crise econômica e também de queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração de Bolsonaro.
As manifestações convocadas pelo presidente são pautadas por ameaças antidemocráticas a ministros do Supremo e ao Congresso.
Também há protestos marcados contra Bolsonaro.
A última pesquisa Ipec, divulgada no final de junho, mostrou que a aprovação do governo caiu para 24%, enquanto a reprovação alcançou 49%. Já a pesquisa Datafolha sobre as eleições presidenciais de 2022 apontam que as intenções de voto de Bolsonaro recuaram, e o atual presidente não seria reeleito em qualquer dos cenários avaliados.
Ao mesmo tempo, a população atravessa fortes dificuldades econômicas, com a disparada da inflação, e desemprego próximo a taxas recorde.
No último dia 17 de agosto, subprocuradores-gerais da República pediram a apuração de uma suposta convocação feita por Bolsonaro para o ato desta terça-feira (7).
O pedido foi baseado em uma reportagem de Guilherme Amado, no site “Metrópoles”. De acordo com a publicação, Bolsonaro enviou um texto por WhatsApp a apoiadores em que os incitava a irem às ruas para um “contragolpe” no feriado do Dia da Independência.
Os subprocuradores afirmavam que o presidente extrapolava os limites da mera liberdade de expressão e que a suspeita surgia na “sequência de uma escalada de sucessivas ameaças às instituições democráticas”.
“A isso se somam outras notícias indicando que as Forças Armadas estariam sendo conclamadas a se distanciarem de suas legítimas funções institucionais, para exercerem um suposto ‘poder moderador’, o que poderia sugerir a indevida intenção e possibilidade de ilegítima interferência no regular funcionamento dos Poderes da República”, diz o texto.
Apoiadores de Bolsonaro também são alvo de investigações por incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia.
O ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson, que defendia a deposição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em fotos armado, foi preso em 13 de agosto por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Uma semana depois, Bolsonaro protocolou o pedido de impeachment de Moraes.
Na última sexta-feira, sem citar nomes, Bolsonaro disse que a manifestação desta terça-feira seria um “ultimato” a duas pessoas que estão “usando da força do poder” contra o presidente. Em Brasília, a avaliação é de que ele se referia aos ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
O presidente da República já havia dito, no mês passado, que poderia agir fora da Constituição. A declaração foi dada depois que Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news, que investiga a disseminação de notícias falsas.
A retórica golpista também ecoou no Congresso quando a Casa votou um projeto de lei que poderia ressuscitar o voto impresso. A proposta, defendida pelo presidente, foi derrubada pelos deputados.
Bolsonaro disse que só realizaria novas eleições em 2022 se fossem “limpas” — condicionando essa suposta ‘limpeza’ ao voto impresso. Não há, no entanto, qualquer comprovação de irregularidade no processo eleitoral eletrônico, que já é auditável. O próprio presidente admitiu não ter provas de uma fraude sequer.
No dia em que o voto impresso foi derrubado pela Câmara dos Deputados, repercutiu negativamente um desfile militar organizado pela Marinha para entregar um convite ao presidente no Palácio do Planalto.
Partidos de centro e de esquerda, como Solidariedade e Rede, emitiram nota dizendo que, após “sucessivas declarações golpistas”, o desfile era o desfile é uma “clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional”.
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), opinou que o presidente mostrava fraqueza, ao invés de força, e protestou:
“Não haverá nenhum tipo de golpe contra a nossa democracia. As instituições, com o Congresso à frente, não deixarão que isso aconteça”.
Na véspera do ato de 7 de setembro, Bolsonaro convocou seguidores a protestarem em seu favor e, implicitamente, chamou também policiais.
“A população brasileira tem o direito, caso queira, de ir às ruas e participar dessa nossa data magna em paz e harmonia. O mesmo se aplica a todos os integrantes do Poder Executivo Federal que não estejam de serviço”.
A convocação explícita a policiais já tinha sido feita no sábado durante a edição brasileira da conferência conservadora dos Estados Unidos.
Fonte: G1